Os cães de raça existem há séculos. Algumas raças são primitivas e não sofreram a influência do homem na sua formação. Outras foram desenvolvidas para atender às necessidades de pastoreio, guarda, tração e, a maior delas, para companhia.
O trabalho de alguns apaixonados na preservação dessas raças trouxeram os cães ao século atual e ainda com o título de maior companheiro do homem em todos os tempos. Os cães de raça são essenciais para a sociedade, pois são capazes de ajudar o homem em suas tarefas e criando um ser humano mais sensível, com valores morais e éticos. Podemos perceber que todo indivíduo que ama animais possui uma essência nobre. Amar e proteger os animais, de raça definida, ou não, é um dever do homem que muito já recebeu dessas criaturas ao longo dos anos.
A seleção de uma raça para um bom criador depende exclusivamente do fascínio que se tem por ela. Quando se ama uma raça, se faz tudo para conhecê-la, estudá-la e trabalhar com dedicação em prol de seu desenvolvimento e reconhecimento. Os cães de raça desenvolvem uma admiração incrível aos apaixonados por genética e reprodução, o fundamento desse trabalho.
Os custos para uma boa criação são muito altos. Envolvem importações, acasalamentos no exterior e demora algum tempo para que se tenha o retorno – pelo menos para pagar a ração, a manutenção dos velhos que saíram de reprodução ou a ida a uma exposição. É muito bom quanto se pode “financiar” a criação, mas existem os casos de raças pouco vendáveis, pouco conhecidas, tornando quase impossível esse “empate” no balanço anual.
Antes de mais nada, a criação séria tem que ser feita por pessoas sérias. Um bom reconhecimento ao criador é quando os juízes das exposições de beleza buscam o criador para falar o que acharam, tiram dúvidas, comentam sobre o padrão. Isso é um grande parâmetro para se ter credibilidade. É importante ser o mais honesto possível quando externar as suas opiniões. Muitas vezes um cão pode vencer, mas não é o melhor. Quando se entende essa diferença o criador está atingindo o caminho sério da criação.
Alguns criadores iniciam sem darem grande importância às matrizes. Acham que se ela for de poucas qualidades, mas se acasalar com um grande reprodutor, vai resolver a criação, mas não é bem assim… Pode-se ter a sorte de conseguir numa primeira geração animais de qualidade, mas o certo é investir numa matriz típica, de excelente temperamento e, principalmente, que guarde as características de função da raça. Para mim, iniciar acertando é muito bom, entretanto, o mais difícil é um criador experiente manter a qualidade do plantel. Depois de algum tempo, com as gerações se fixando, é preciso acertar os erros e não incorrer em perder os tipos. Portanto, boas matrizes são importantes para quem inicia e, também, para quem está criando há muito tempo. Tanto é que, dificilmente, bons criadores têm mais de um ou dois padreadores (machos) em casa. A maioria do investimento está nas matrizes. Não só porque geram ninhadas, mas porque são a essência de um bom trabalho.
Um bom reprodutor é um fator fundamental na criação, mas precisamos considerar muito a matriz que vamos acasalar. Muitas vezes aquele determinado macho gera filhos excepcionais com determinadas matrizes, mas pode provocar horrores com outra linha diferente. Bons padreadores, para mim, são aqueles que geram filhos típicos, homogêneos e, principalmente, passa aos seus descendentes qualidades necessárias à raça.
Mas o criador de cães de raça é aquele apaixonado, que não se importa em desmarcar sua viagem de férias quando uma de suas “velhinhas” der uma complicada; se aquela ninhada tão esperada antecipa a vinda e tem seus filhos em cima de sua cama; que atravessa continentes para ver seu cão ser premiado num campeonato internacional. O criador de cães de raça, que escolhe essa direção, geralmente gosta de viver com animais. Criar cães é uma arte, uma arte que requer um dos maiores sentimentos que Deus proporcionou ao homem: o AMOR.
Eu tenho orgulho de ser criador da raça Terranova. Criador de campeões.